quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Tenho asas preguiçosas que não querem voar
Tenho olhos teimosos que insistem em ver o invisível
Tenho mãos inquietas que não se contentam com o bruto
Tenho pés tão delicados que detestam pisar no duro

Sou um cara tão leve preso a uma bigorna de carne e osso
Sinto a música me acariciar mas meus dedos limitam sua grandeza
Tenho uma boca ressecada pela vontade de comer núvens
Tenho desejos tão gigantescos que meu cérebro se recusa a entendê-los

Tenho um pau em plena saúde mas atrapalha meu coração
Meu coração, aliás, se cansou de ver misérias
Se acorvadou, murchou e hibernou
Acabou alojado e protegido em meu peito...
Tenho sentido minhas poesias tensas, tristes, densas, chorosas, melancólicas e tudo mais. Minhas últimas composições têm me entediado, apesar de letras bacanas. Tenho chorado muito nos últimos filmes que assisti.

Quando a arte está doente ou a alma do artista está remoída ou ele está devorando demais o amarelo e colorindo com muita visceralidade suas entranhas...

A água e o nó

A água descendo pela garganta alisa alguns nós atados pelo tempo
Ela tenta dançar sobre suas amarras na tola esperança de torná-los livres
Quando chega no estômago percebe que sua tentativa foi em vão
Pois quase sempre nós na garganta são nós cegos

Mas ainda assim continuamos bebendo água...
O mundo será bem melhor quando o amor entre as pessoas tiver a grandeza do amor das mulheres. Elas realmente estão um passo à frente na evolução em relação aos homens. O elo masculino entre o coração e o pênis não existe. Por isso eles geralmente são cegos e ofuscados pelo brilho intenso das suas magníficas mulheres explodindo em orgasmos em um ato sexual. A natureza às vezes complica tanto as nossas vidas...
A inveja é um muro de concreto alto pichado de spray preto em frente a um precipício com uma paisagem encantadora