Enquanto o vento cavalgava em seu peito
O sol castigava de calor
Mesmo carregando suas cruzes
Ele caminhava
Sem saber que o seu passado serviria de alimento para o futuro
Resolveu descer do cavalo
Talvez um pouco mais cedo do que se esperava
Mas ainda assim ele caminhava
Nunca acreditou que o cavalo selado passaria apenas uma vez
Preferia perceber que cavalos selados passam a todo o tempo
Nós com nossa cega arrogância que insistimos em não montá-los
Mesmo sem cavalos ele queria caminhar
As bolhas dos pés começavam a incomodar
Ele sabia que desistira cedo demais
Talvez os pés clamassem por um descanso
Esperando o cavalo, ele parou de caminhar
O tempo passou e as bolhas não saravam
No seu peito as brasas queimavam mais que as bolhas do pé
Envolvido em tédio e ócio ele chorou
E sob a luz decidiu caminhar novamente
Colaborou com o tempo, senhor de todos os enfermos
Aguçou sua visão, enxugou as lágrimas
De repente dezenas de cavalos selados passeavam à sua volta
Sorridente, cavalgou galopante na direção da sua felicidade