quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Dentro da roupa de chumbo

Abrindo os olhos pela primeira vez
Sentiu a dificuldade de movimentar-se
O oxigênio causava-lhe algum desconforto
Dentro da roupa de chumbo

Era difícil conter todo aquele sol ali dentro
Um força vital louca para se expandir
Vivendo uma claustrofobia assustadora
Dentro da roupa de chumbo

Aquela barreira não seria maior que sua essência
Aprendeu pouco a pouco a lidar com a solidez
Suas faculdades eram muito pouco aproveitadas
Dentro da roupa de chumbo

Mas sabia que havia algo grandioso a ser feito
Esperava a cada amanhecer como se fosse o derradeiro
Sua capacidade de compreensão o manteve são
Dentro da roupa de chumbo

Percebia que as dificuldades sofridas pelo peso
De alguma maneira o fazia caminhar
E quanto mais caminhava mais queria sair
De dentro da roupa de chumbo

Não sabia se era castigo ou redenção
Sofria de uma aflição tremenda
Por querer caminhar através do fogo
Dentro da roupa de chumbo

Quando não havia mais nada para doar
Ou aprender com o quinhão que lhe foi concedido
Sorridentemente viu-se grandioso novamente
Por ter deixado para trás a sua roupa de chumbo