quarta-feira, 7 de março de 2012

O silêncio das bocas

Dezenas de bocas movendo seus lábios pra mim
Acho que meu ouvido entupiu
Não consigo ouvir sequer uma palavra
Alguém tem algum dublador aí?

Às vezes tento me comunicar com essas bocas
Calmo grito, desesperado me calo
Mas elas só aprenderam a falar e se esqueceram de ouvir
E meu peito insiste em não guardar nada só pra mim

Minha fantasia vive em compartilhar, dialogar
Mas essas bocas não conseguem me dizer nada
E sem nada para ouvir fica difícil dizer algo
Deus sabe o quanto que esse silêncio me incomoda

Será que sem palavras eu consigo fazê-las ouvir algo?
Componho uma canção, escrevo um livro, filmo uma história
E então, finalmente uma reação!
A arte quanto capta suas almas faz suas bocas calarem e lentamente sorrir

segunda-feira, 5 de março de 2012

A praia e o tempo



De agora em diante decidi tomar as redeas do tempo
Irei cavalgar sobre as horas como eu bem entender
Os minutos me alimentarão a todo instante
Mantendo minha esperança viva a toda prova

O tempo, senhor de si, tem sido um companheiro fiel
Cuida de mim como uma mãe atenciosa
Que do seu bebê não desgarra e amamenta
Mas respeita sua individualidade latente

Meus anseios estão devorando a minha inércia
Minhas verdades caídas não mais me vendam os olhos
Hoje piso na beira do mar com os mesmos pés de outrora
Mas as ondas nunca se repetiram uma vez sequer