Hoje o dia acordou chovendo
Aquela chuva rala que carinhosamente fica batendo na janela do quarto na esperança que a gente abra
Como se quisesse nos dizer algo com certa urgência
Mais um dia para sair da cama
Com uma leveza que os cabelos brancos já não conhecem mais
O tempo tenta ser gentil cuidando das cicatrizes que a pressa causou
O cheiro do café me dá uma fugidia alegria
O mastigar na mesa é lento
A comida parece não aceitar o silêncio
Então, as horas começam a correr
O dia passa numa rajada tão veloz quanto um pranto seco
Silenciado no tique-taque do relógio do escritório
Finalmente, ao chegar em casa
O coração enfim descansa
Sob a canção que alimenta a esperança da liberdade