sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Elipê

Apenas uma banda de rock
Algo mais que uma banda de rock
Uma banda de rock
Rock... Música...

Apenas cinco músicos
Algo mais que cinco músicos
Cúmplices, irmãos, guerreiros
Músicos... Música...

Apenas canções são cantadas
Algo mais que canções
Sonhos disseminados e distorcidos
Letra... Música...

Elipê
Emoção, verdade cifrada
Doce e amargo com peso
Lágrimas e sorrisos descompassados

Música... música... música...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Farsa

Quem disse que eu sou o que pensa que sou?
Quem disse que penso ser o que realmente sou?

Poeta? Compositor? Artista?
Farsa! Uma total farsa!

Escrevo por medo da verdade
Escrevo para me esconder de mim
E de você também!

Escrevo para fugir da realidade
Escrevo para fingir a realidade

Tento comparar-me aos grandes letristas
Deito-me sobre minhas mentiras
Maqueio a dor e a dúvida
Conforme queira ou não queira

Meu acordes me soam dissonantes demais
Talvez até mesmo desafinado eu seja
Cuspo música no chão por conta da minha
Tuberculose sentimental

Choro e rogo uma pista
Um norte, uma direção

Hoje estou de saco cheio
Quero um cigarro, uma cerveja e a solidão

Não espere rimas de mim. Não espere a sétima maior.

Hoje só o silêncio é o meu amante

O homem que sabia demais

Era uma vez um homem
Que passeou por toda vida sobre o conhecimento
Um homem sábio sob a luz dos filósofos
Um homem-dor sob a ótica dos poetas

Este mesmo homem aprendeu a pensar
Calcular, projetar, especular
Levantou estruturas, curou doenças
Transformou concreto em poesia

Este homem de teorias repletas
Pensamentos e conceitos relevantes
Pôs em sua mente brilhante
Enciclopédias de uma vida errante

Deu-se conta ao encontrar a velhice
Que não se pode abraçar caminhos rasgados pela vida
Para curar-lhe a curiosidade viva
Abriu mão da vivência altiva

Trocou beijos por poemas líricos
Cultivou prêmios sobre as amizades
Enriqueceu-se de fama, ouro e orgulho
E deixou a cultura o transformar em criatura

Então esse homem adoeceu em seu leito solene
Por dias sangrou letras e versos
Suou verbetes, secretou teorias
E quando sucumbiu não ouviu os aplausos de outrora

Com tamanha carga intelectual
Bateu na porta de Deus
Caiu de joelhos e chorou
Sob os pés do seu criador

Levantou-se devagar
Quase sem força pôs-se a perguntar
"Ó Deus! Ensina-me qual a importância do conhecimento
Se a vida não nos deixa sonhar"

Então ouviu cabisbaixo
Aquela voz lhe falar
"Viveste tua vida conduzida pela razão
E esquecera que o amor à soberania sempre o levará"

Endagou-se aos prantos
Em sua tamanha ignorância
"Eu não sou poeta!
Sou apenas um manipulador de palavras!"

Chorou copiosamente entre os dedos
E percebeu ao arder do seu peito
Como seus amores foram versos despediçados
Nesta imensa poesia chamada VIDA!