Era uma vez um homem
Que passeou por toda vida sobre o conhecimento
Um homem sábio sob a luz dos filósofos
Um homem-dor sob a ótica dos poetas
Este mesmo homem aprendeu a pensar
Calcular, projetar, especular
Levantou estruturas, curou doenças
Transformou concreto em poesia
Este homem de teorias repletas
Pensamentos e conceitos relevantes
Pôs em sua mente brilhante
Enciclopédias de uma vida errante
Deu-se conta ao encontrar a velhice
Que não se pode abraçar caminhos rasgados pela vida
Para curar-lhe a curiosidade viva
Abriu mão da vivência altiva
Trocou beijos por poemas líricos
Cultivou prêmios sobre as amizades
Enriqueceu-se de fama, ouro e orgulho
E deixou a cultura o transformar em criatura
Então esse homem adoeceu em seu leito solene
Por dias sangrou letras e versos
Suou verbetes, secretou teorias
E quando sucumbiu não ouviu os aplausos de outrora
Com tamanha carga intelectual
Bateu na porta de Deus
Caiu de joelhos e chorou
Sob os pés do seu criador
Levantou-se devagar
Quase sem força pôs-se a perguntar
"Ó Deus! Ensina-me qual a importância do conhecimento
Se a vida não nos deixa sonhar"
Então ouviu cabisbaixo
Aquela voz lhe falar
"Viveste tua vida conduzida pela razão
E esquecera que o amor à soberania sempre o levará"
Endagou-se aos prantos
Em sua tamanha ignorância
"Eu não sou poeta!
Sou apenas um manipulador de palavras!"
Chorou copiosamente entre os dedos
E percebeu ao arder do seu peito
Como seus amores foram versos despediçados
Nesta imensa poesia chamada VIDA!
Nenhum comentário:
Postar um comentário