O sol se pôs após 6 anos de verão
A caminhada findou-se
As cortinas fecharam-se e o público aplaudiu
As luzes esmaeceram lentamente
Um ciclo perfeitamente cilíndrico fechou-se
Em alguns pontos pareciam mais montanhas russas
Em outros me senti em um avião turbinado em direção ao sol
Mas o sol se pôs...
As mãos calejadas dadas
Com resquícios de pólvora em suas palmas
Elos construídos com a solidez da amizade
Um tanto quanto arranhados, mas jamais destruídos
Talentos somados em nome de um sonho
Erguido com suor, vontade e paixão
Construímos acordes viscerais e pulsantes
Mas os balões vermelhos perderam forças e murcharam
Na mente ficam quadros de memórias belíssimos
De um tempo que não volta mais
De músicas que teimam em não emudecer
De verdades gritadas, cifradas e vividas
Tanta intensidade em nossos corações
Causaram rupturas em uma estrutura fragilizada pela nossa condição humana
Talvez nossos invólucros não suportaram tamanha vibração
E a base da nossa catedral cedeu
Os frutos caídos na terra cresceram
Encantaram ouvidos perdidos
Demos um adeus com sabor de lágrimas na boca
Mas o peito cheio de luz esperando o novo amanhecer