Hoje não quero falar das rimas ricas
Nem das metáforas mais finas
Tampouco dos versos mais belos
Ou das sutilezas brilhantes
O cansaço da dúvida chegou
Os ombros envergaram-se frente a nobre sujeira humana
Hoje eu quero o trash metal nos falantes
O violino veste bem o silêncio
Os meus olhos despiram-se da luz
Aqui quem fala é a minha sombra latente
Reverberando suas sujas verdades
Travestidas de uma juventude imortal
Tapo o nariz para evitar a penetração do odor
Que a moral enviesada me exala
Recolho o lixo sem nenhuma paciência
Descarto a alegria vã e bostética
A falsa verdade veiculada na minha cara
Aduba a minha revolta adolescente
Cujo o silêncio tem sido o maior aliado
E a arte um escudo poderoso
Cato os cacos que os itinerantes despejaram aqui
Sinto um aroma escatológico no ar
Peço aos deuses forças para suportar
E pacientemente varro o aleijamento moral com serpentina
2 comentários:
Patolino, com o perdão do possível reducionismo, me remeteu à questão do conteúdo sobre a estrutura. Da luz sobre a sombra. Do essencial sobre a fôrma. De saco cheio de tanto lixo, sacudimos a poeira sobre as roupas, nos despimos delas e andamos como somos: nus.
Mas o frio é muito intenso para andarmos nus...
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