quinta-feira, 11 de outubro de 2018

De rato em rato

De rato em rato
De passo em passo
Quem é você? Quem é você?

De perigo em perigo
De suspiro em suspiro
Onde estamos? Onde estamos?

Talvez suas lágrimas me façam rir
Talvez seus sorrisos me façam chorar
Longe do seu bom humor
E bem perto do meu semblante fechado

De rato em rato amolo minha faca
Ferina ferida, caos sob a redenção
Me fecho ao seu amanhecer cheio de chuva
Sob o teto da desimportância construo minha fortaleza

Após contar suas moedas, suma!
Dê um trago amargo no seu prazer doentio
Do alto da sua ganância sinto o cheiro da derrota
Inevitável, incontrolável, inexorável

Seu passeio entre os leões acaba de começar
Cuide das suas costas
Pois a mesma carne que alimenta, fede
A saliva não vê limite no medo

E espero, no fundo da minha decepção
Que eu esteja completamente errado
Não gosto de comemorar sangue na face
Nem mesmo dos surdos de coração

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Ser poeta é estar nu em praça pública
É alvejar e ser alvejado
É congelar a beleza entre os ponteiros do relógio

Sob a luz

Sob a luz do holofote
Sob a luz da minha história
Lá onde o homem fraqueja
Minha garganta me traiu

Dois goles descem acariciando os nós
Que me abraçaram há muito tempo
Onde meu grito silenciosamente adormece
Mora uma canção melancólica

Meu violão canta as minhas pegadas
Que o tempo generosamente preservou
Muitas vezes odeio o brilho do meu coração
E aquela criança que meu homem trancou

Como se o mundo sequer soubesse
Quais as cores que a minha imaginação reverbera
Nas minhas veias encontrei minha mordaça
No meu canto encontrei a minha redenção