terça-feira, 6 de novembro de 2007

Passeio na praça

Hoje caminhei pela praça
Estava um pouco nostálgico
Talvez triste

Um senhor reclamava do governo
Ele era servidor público
Reclama dos esquemas de corrupção que ele sabia
E isso havia afetado seu cargo

Quando o assunto mudou comentou com o mesmo amigo
O trabalho que deu para ele conseguir a escritura da sua casa
"Teve" que subornar alguns funcionários do cartório
Para que o processo "andasse mais rápido"

Uma criança estava no chão toda enrolada
Uma senhora se aproximou para dar-lhe comida
Uma outra criança veio correndo e puxou sua bolsa
E ela gritou, mas ninguém tomou uma atitude

Nem eu...

Vi estudantes reclamando como a praça estava suja
Nem desconfiavam que alguns metros antes eu já os observava
Alguns deles jogavam bitucas de cigarro no asfalto
E uma garota jogou o papel do picolé no chão

Um rapaz estava revoltado porque havia ficando alguns minutos preso numa porta giratória do banco
Lembrou-me um menor numa nota do jornal preso por fazer parte de uma quadrilha de assalto a banco...

Uma mulher passou esbravejando: "esse país é podre!"

Enfim a tarde caiu.
Pensativo fiquei.
Olhando a estátua do poeta
Me perguntei:

"Quem é o meu país?"

5 comentários:

Thiago Fonseca disse...

Se não me engano, tem uma passagem do livro "a reública" que diz:

"eduquem os jovens e não precisarão punir os adultos".

Lali Souza disse...

"Vi estudantes reclamando como a praça estava suja
Nem desconfiavam que alguns metros antes eu já os observava
Alguns deles jogavam bitucas de cigarro no asfalto
E uma garota jogou o papel do picolé no chão"


Me lembrou o que conversamos ontem: "eu não conheço ninguém que tenha plantado coisas boas a vida inteira e não tenha colhido nada de bom de volta"...


ah! voltei à vida real já... às vezes eu acho ela um saco, mas não dá pra fugir sempre, né?

:*

Paula Noyb disse...

Seu texto me tocou.... eu falava mto, e fazia pouco. Isso começou ame incomodar, hoje, eu parei até de falar!

Thiago Colares disse...

Somos nós.

Gloria Lemos disse...

"Um senhor reclamava do governo
Ele era servidor público".

Este texto fala demais do que escutamos o povo articular no cotidiano, ja vivenciei um momento em que uma frase bem parecida foi falada no ponto de ônibus, nunca esqueci a forma que aqueles dois senhores falaram do governo atual e ao ler o texto me veio a recordação. A forma como os dois se saudaram foi engraçada, saudosa e crítica com relação aos "poderosos". "-oi Fulano, como o senhor está?"
E o outro..."-oi Siclano, enferrujando igual ao senado, tô fazendo nada, aposentado, sabe como é né!?"
Achei a comparação perfeita!