terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Bilhete II

Olá Querido,
É o último bilhete bilhete que te deixo

Agora estou sozinha
Refletindo sobre palavras que você mesmo me proferiu
Em um momento em que não pude digerí-las
Por causa da minha pouca sensatez
Ela mesma que tanto falta fez na puberdade
E que faz uma diferença absurda na fase adulta

Me desculpe, meu bem
Estou agora no quarto copo de whisky
Depois de uma noitada de muitos momentos tristes de prazer
Derramando lágrimas
As mesmas que um dia (tenho certeza) te fizeram desesperar
Mesmo sobre a dor, te peço sutil perdão

Neste momento ouço um disco de blues
Onde um velho compositor me ensina
Que o meu egoísmo que outrora me fazia forte
Deixou ruir o que de mais puro existia em nós
E hoje busco em cada corpo malhado
O cheiro que o seu suor me renegou

Só hoje percebo como fomos imprudentes
Ao deixar a ira nos dominar
Os jogos de te ver só me cegaram
Me conduziram aos atos mais estúpidos
Que te fizeram voar para brilhar em outro céu
Que não o meu...

Acredito que em sua melodia
Desfila a mais soberba alma feminina
O mais puro sentimento humano
A pureza do simples com a sofisticação do complexo
O verso vive na minha intensa infelicidade

Se as madrugadas não são minhas melhores companheiras
Podem se tornar as cúmplices mais profanas
Apesar de respirar o sagrado que vive em seus olhos
Curvo me à sua grandeza
E minh'alma derrete em sua profunda beleza

Com amor...

Um comentário:

Lali Souza disse...

Belíssimo! Tem muito sentimento esse texto. Adorei!

"O cheiro que o seu suor me renegou"
Lindo!