quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Faróis

Estamos perdendo nosso tempo
Jogando as oportunidades no lixo
Cagando sobre cada traço de luz
Cegos marchando para o precipício

Nos perdemos em labirintos
Criados pela nossa lucidez
Tão fascinantes quanto truques de mágica
Tão vazios quanto a minha estupidez

Deixamos o relógio correr solto
Blindamos nossos egos hermeticamente perfeitos
Como se pudéssemos amarrar a perfeição
E derramá-la em nossos corações

Como somos pequenos
Cultivando nossa insensatez
Tentando transpor portões altivos
Sem nem mesmo saber o que está por trás da muralha

Somos um pobres boçais
Coroamos reis pobres em nossas barrigas
Acendendo a brasa por trás das costelas
E cantando nossas misérias para ouvidos surdos

Vamos celebrar cada dia de finados
Crucificar cada entonação
O amor está quase se cansando
Isso não é uma rebelião

Somos sementes jogadas ao acaso
Sem opção de onde germinar
Somos gigantes guardado em pequenos armários
Somos faróis, fortes e premeditados

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Noite

Pra quê todo esse requinte
E distância ao me abraçar?
Exibir esse sorriso bobo
Fingindo não ter segundas intenções

Escrevemos juntos um história sem fim
Recheadas de comédia, romantismo e drama
Somos filhos de sonhos órfãos
Magoados pelas janelas abertas ao inverno

Você que sempre me prometeu
Todo o amor que a vida lhe pulsou
Agora trava a garganta e sorri
Enquanto enlouquecemos nossos quadris

Coisas de dois corpos dependentes
Que como crianças ainda choram sozinhos
Ainda que eu deslize suavemente o doce na sua boca
Te ponha em meu colo e comece a ninar

Você mal sabe em que esquinas debandei
Derramando seu recheio pouco a pouco
Enchendo meu corpo de amores vadios
Pulverizando nos outros que mais amo em você

E como covardes fugimos da dor
Numa saída careta e mesquinha
É como ter nossas asas decepadas
E ainda assim pularmos felizes no precipício

domingo, 13 de setembro de 2009

Alguém

Alguém de longe por favor
Qualquer que possa captar
Cada desejo que eu mandei
Pelo espaço sideral

Alguém me escute por favor
Me leve junto pra voar
O chão não quer mais acalantar
E só me pede pra marchar

Se as suas estrelas duvidaram
Pois venha aqui pra eu te mostrar
Que já não sou mais um menino
Impaciente vendo um trenó passar

Vem me levar pra algum lugar
Onde eu possa colecionar uns sóis
No lugar da minha tristeza
Numa galáxia cor de vinho

Já não consigo pular os muros
Querem colocar fardas em mim
Montaram um teto de concreto
Pra eu não te ver no céu

Eles podem até barrar
O infinito que meus olhos buscam
Só esquecem que o amor
Faz esse planeta estacionar

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Se se fez, então acordei
Se apareceu, eu não notei
Se possuiu, arrefez
Se sorriu, envergonhei

Se cresceu, admirei
Se doeu, eu não chorei
Se brilhou, não me ceguei
Se beijou, iluminou a tez

Se transou, eu gozei
Se derreteu, eu mergulhei
Se ganhou, parabenizei
Se perdeu, incentivei

Se desceu, aterrissei
Se brotou, eu irriguei
Se brigou, eu conto até três
Se gargalhou, bobo eu fiquei

Se viveu, eternizei
Se envelheceu, arrematei
Se renasceu, em mim plantei
Se morreu...

Se morreu...

Se morreu...

Se morreu...

...volta pro começo outra vez!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A progesterona é o anjinho do ouvido direito. A testosterona é o diabinho do ouvido esquerdo.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Condomínio

Tô precisando me mudar de mim
Procurar um lugar mais calmo para morar
Meu vizinho de cima já me encheu o saco
Esse condomínio tá caro demais

Êta condomínio cheio de regras!
Não pode isso! Não pode aquilo!
Cheio de gente boba, gente hipócrita
Enquando no prédio ao lado só tem festa e diversão

Às vezes até acho que lá gasta-se menos
O almoxarifado é mais humilde
Mesmo sendo um lugar menorzinho
Lá sei que a vista não é tão privilegiada

Mas de que adianta enxergar o horizonte tão belo
Quando sua calçada tá toda suja de lixo?