sexta-feira, 19 de novembro de 2010

De onde vem a inveja?

A inveja pode ser um grito desesperado da alma
Por detectar que outro possui algo (ou é) que você não tem
Ainda...

A inveja move, comove e remove
Depende de onde você a deixa hibernando
Na cabeça, no coração, no pé...

Certamente se você deixá-la na cabeça
Seu sono será inconstante, sua produção doente
E sua verdade será torta

Nada será capaz de te tornar feliz
Pois a sombra do sucesso do objeto invejado
Sempre encobrirá o seu âmago de luz

Entretanto se você alojá-la no coração
A coisa se complica: dar-se-á início ao processo de "endodestruição"
Você contra você mesmo

Nessa história o brilho de sua alma caberá em uma caixa de fósforo
Tamanho será a humilhação e auto-piedade que você impostará sobre si mesmo
E por mais que o amarelo brilhe seu azul marinho nunca será suficiente

Aí vem a melhor parte da história: o pé!
Quando sua inveja desce para o pé ela te move
Pois a amargura de não ter ou ser o que se quer torna-se força motriz

Não existe mais o ser odiado. Não existe a sensação de amputação
Pois você internalizou que o outro é o que é por puro merecimento
E então sua admiração tomará conta das suas emoções

Espelhar-se em luz torna o ser em reflexo
Uma mistura do que se é com o que se quer
Uma fusão perfeita de qualidades inerentes com adquiridas
E nesse momento a plenitude te levará ao cume do mundo

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O vício

Que lá esteve durante tanto tempo
Usando meus medos como força motriz dos meus sonhos
Tomando conta da minha sensatez

Que lá hibernou invernos a fio
Calou meu canto mas não o meu encanto
Cegou minha mente para a beleza do outro lado do rio

Que de Narciso fez-se Medusa
Empedrando tudo que não era espelho
Até conseguir congelar meus punhos

Que com tanta força acorrentou o vento
Da grande leveza de radiar o que se é
Sem máscaras, maquiagem ou silêncio

Que da dependência tornou-se inconsciente
Fazendo-me agir, pensar e atuar na minha roda-viva mental
Enraizando seus tentáculos até no meu bom dia

Que de tanta força quebrou minha liberdade
Tornou-me escravo e antítese do que mais amo
Cifrou dissonância na mais bela harmonia do universo

Que do ódio e rejeição me vicie em desgostar
Agredindo pobre sinceros e suas mentiras verdadeiras
Comprimindo meu ego claustrofobicamente

O vício me fez um exílio de mim mesmo
Erradicou a inocência, tapou meus ouvidos amplificados
E sentenciou a abstinência à prisão perpétua

Ah! Que saudade da minha virgem inocência!