sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O vício

Que lá esteve durante tanto tempo
Usando meus medos como força motriz dos meus sonhos
Tomando conta da minha sensatez

Que lá hibernou invernos a fio
Calou meu canto mas não o meu encanto
Cegou minha mente para a beleza do outro lado do rio

Que de Narciso fez-se Medusa
Empedrando tudo que não era espelho
Até conseguir congelar meus punhos

Que com tanta força acorrentou o vento
Da grande leveza de radiar o que se é
Sem máscaras, maquiagem ou silêncio

Que da dependência tornou-se inconsciente
Fazendo-me agir, pensar e atuar na minha roda-viva mental
Enraizando seus tentáculos até no meu bom dia

Que de tanta força quebrou minha liberdade
Tornou-me escravo e antítese do que mais amo
Cifrou dissonância na mais bela harmonia do universo

Que do ódio e rejeição me vicie em desgostar
Agredindo pobre sinceros e suas mentiras verdadeiras
Comprimindo meu ego claustrofobicamente

O vício me fez um exílio de mim mesmo
Erradicou a inocência, tapou meus ouvidos amplificados
E sentenciou a abstinência à prisão perpétua

Ah! Que saudade da minha virgem inocência!

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