sábado, 31 de dezembro de 2011

A volta do Andarilho

Enquanto o vento cavalgava em seu peito
O sol castigava de calor
Mesmo carregando suas cruzes
Ele caminhava

Sem saber que o seu passado serviria de alimento para o futuro
Resolveu descer do cavalo
Talvez um pouco mais cedo do que se esperava
Mas ainda assim ele caminhava

Nunca acreditou que o cavalo selado passaria apenas uma vez
Preferia perceber que cavalos selados passam a todo o tempo
Nós com nossa cega arrogância que insistimos em não montá-los
Mesmo sem cavalos ele queria caminhar

As bolhas dos pés começavam a incomodar
Ele sabia que desistira cedo demais
Talvez os pés clamassem por um descanso
Esperando o cavalo, ele parou de caminhar

O tempo passou e as bolhas não saravam
No seu peito as brasas queimavam mais que as bolhas do pé
Envolvido em tédio e ócio ele chorou
E sob a luz decidiu caminhar novamente

Colaborou com o tempo, senhor de todos os enfermos
Aguçou sua visão, enxugou as lágrimas
De repente dezenas de cavalos selados passeavam à sua volta
Sorridente, cavalgou galopante na direção da sua felicidade

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O doce gosto da calma

Calma, meu bem
Sei que o cotidiano é mestre em nos cegar
Dança com sua magia hipnótica sutilmente
Escondendo os nossos valores mais belos

Pois é, meu amor
Esse mundo que é tão craque em nos tirar do sério
Sabe onde, quando e como nos afetar
Enquanto nós distraidamente divagamos

Sei também que o tempo é igualzinho à química
Pode se travestir de remédio ou de veneno
Depende da dose
Depende de nós...

Mas o que cada suspiro de vento me ensina
É que o amor é transmorfo
Não segue cartilha nem está sempre com a mesma roupa
E temos que aprender a lidar com suas andanças

A paciência (que é a mãe do amor)
Cruzou com o respeito e deu crias
Abraçou as almas que voavam distraídas
E assim criou as almas gêmeas

Almas que de tão gêmeas
Não conseguem mais se dissociar
Fundem seus defeitos e virtudes sem perceber
E dessa fusão nascem os conflitos

Mas nós, meu bem, crianças adultas que somos
Temos que deixar a sagacidade cavalgar em nosso quintal
Nunca deixar que o comodismo se instale
Nunca perder de vista o ponto alto da doação

Temos o dever de sermos leves como pombas sutis
Trazer a astúcia de uma raposa caçadora
Pois uma coisa ninguém é capaz de mudar
Nós sabemos com maestria fazer nossa vida feliz!

Nossas bocas não conseguem existir separadas
Nossos corpos são viciados entre si
Nossos olhos brilham numa consonância arrebatadora
Nossas almas espelham um amor tão brilhante que o sol silenciou

sábado, 6 de agosto de 2011

Filosofando o punk nas núvens

Boa noite, meu irmão
Apague a luz antes de sonhar
Deixe o peso descansar enquanto é tempo
Você precisa voar

Vá e não se preocupe com o que ficou
Nosso mundo nunca te mereceu
Mas te serviu de redentor
Tornou suas entranhas limpas e desinfectadas

Aqui no peito guardo suas lições
Suas melodias capazes de mudar a cor do céu
Sua amizade marcada com o que há de mais nobre no homem
Um sorriso escrito "bem vindo amor"

Cuide-se para não esbarrar em nenhum cometa
Para não se machucar com as estrelas
Escreva seus poemas nas núvens
Para que a chuva nos inunde de versos

Obrigado pelas discordâncias
Você nos fez crescer
Obrigado pelas brigas
Você nos forçou a pensar
Obrigado pelos gritos ao microfone
Você nos alimentou de arte
Obrigado por se doar
Você nos ensinou a amar

A saudade vai existir enquanto a matéria nos separar
Os olhos vão lacrimejar enquanto sua voz não mais reverberar
A nostalgia estará presente enquanto não puder te abraçar
Mas a paz reinará enquanto o coração souber onde está o seu mar...

domingo, 1 de maio de 2011

Batalhas sob o sol, vitórias sob a lua

Dúvidas, vida, turbulência
Caminhos tortuosos abertos sem uma bússola aparente
Desbravados sob a dor da carne e do tamanho da alma
Faz a lógica parecer a personificação do caos

Acontecimentos, infortúnios, blasfêmias
Consequências de uma visão casta
Raspas de unhas na última pedra que beira o precipício
Dejetos do medo que não sabemos comedir

Chagas que a alma burlou em outrora
Cai no colo de personagens que trocaram de face
Forçando-nos a atuar no teatro da vida de maneira muito intensa
Sem ensaios, sem holofotes, sem platéia

Mas assim como a vida pune, ela traz a redenção
Enquanto os milhões de porquês minam uma mente sã
Aquele ciclo de amigos cheios de amores
Torna-se mais tenaz e impenetrável do que nunca

Um ciclo de indivíduos únicos e diferentes
Cada um com suas verdades, seus temores, suas vidas
De mãos dadas em nome de um amor imortal
Gerado por uma amizade que não conhece limites

Amizade sedimentada nas afinidades
De amores unidos pelas brilhantes diferenças
Onde juntos pulsam arte, lealdade, verdade
E erguem suas espadas contra qualquer mal desse mundo

Agora para você, meu querido irmão:
Quando um desafio grandioso se mostra presente
E nossos braços fingem desertar à luta
Busque no amor todas as armas do guerreiro salutar
Pois nessa guerra o seu exército é infinito

Ainda assim se sua mente fraquejar
E a derrota audaciosamente tentar lhe subir pela espinha
Busque um beijo da mulher que te ama
E convoque a todos que carinhosamente te chamam de AMIGO!

Por mais noites que venham o sol sempre insiste em amanhecer...

quarta-feira, 16 de março de 2011

O amor tá tão fora de moda
Que Deus deixou de ser estilista
Para se tornar gladiador...

sexta-feira, 4 de março de 2011

O cocô do cavalo do bandido

Ando com pé pra fora do bonde
Com um silêncio latente a ponto de reverberar-se
Exercendo minha mediocre paciência
Meticulosamente cheia de bom-mocismo

Ser um quando se queria ser mil
Mil e uma maneiras de se prostituir
Cabendo em si de uma maneira singular
Comendo a alma por dentro e defecando sorrisos

Ainda assim aturo a burrice alheia
Repleta de catequismo sob um sol alienantemente altivo
Que me traz vermes decorados com fezes no prato
Certos de que estão saboreando o maior banquete do mundo

E ainda têm uma audácia podre
De me dirigirem olhares tortos
De me rotularem para facilmente me descartarem
Porque acuso com veemência toda a merda ingerida

Ser a exceção do doce vinho em um fígado afogado em cachaça
Ainda ter que manter a humildade e ser um figurão
Sem figurino, sem jeito de dançar conforme a música
Apenas aguardando uma maneira delicada de um novo amanhecer

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Do caos ao recomeço

Do caos nascem as idéias

Da tristeza nasce a beleza

Da depressão nasce a força

Do pseudo-fim nasce o recomeço