sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

São eles

São os sonhos prometidos
Que a gente tem que sorrir
São as promessas malditas
Que a gente tem que cumprir

São as mortalhas diárias
Que a gente tem que vestir
São os discursos imundos
Que a gente tem que ouvir

São os sapatos apertados
Que a gente tem que calçar
São as conversas cortantes
Que a gente tem que aturar

São as pessoas pequenas
Que ainda não sabem viver
São as palavras mais ácidas
Que a gente tem que dizer

São as vontades carnais
Que a gente tem que suprir
São as meninas vadias
Que a gente tem que cuspir

São as comidas insosas
Que a gente tem que engolir
São os muros tardios
Que a gente tem que demolir

São os olhos afiados
Que a gente tem que temer
São todas as nossas defesas
Que a gente tem que ceder

São os lucros gritantes
Que a gente tem que buscar
São os cabelos brancos
Que a gente tem que pintar

São as crianças choronas
Que a gente tem que amamentar
São os corações aflitos
Que a gente tem que acalentar

São todos os versos chorosos
Que a gente tem que recitar
São todas as canções
E o que elas tentam nos mostrar

São todas as notas melódicas
Que a gente tem que cantar
São os sorrisos sinceros
Que a gente tem que abraçar

São as migalhas da vida
Que nos fazem amar
São os dias chuvosos
Que a gente ri para não chorar

São pelos mitos criados
Pra gente ter que temer
São pelos cães mais ferozes
Que a gente tem que correr

São pelos falsos faróis
Que a gente tem que apagar
São pelas almas pequenas
Que a gente tenta fazer brilhar

Nenhum comentário: