terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Bilhete II

Olá Querido,
É o último bilhete bilhete que te deixo

Agora estou sozinha
Refletindo sobre palavras que você mesmo me proferiu
Em um momento em que não pude digerí-las
Por causa da minha pouca sensatez
Ela mesma que tanto falta fez na puberdade
E que faz uma diferença absurda na fase adulta

Me desculpe, meu bem
Estou agora no quarto copo de whisky
Depois de uma noitada de muitos momentos tristes de prazer
Derramando lágrimas
As mesmas que um dia (tenho certeza) te fizeram desesperar
Mesmo sobre a dor, te peço sutil perdão

Neste momento ouço um disco de blues
Onde um velho compositor me ensina
Que o meu egoísmo que outrora me fazia forte
Deixou ruir o que de mais puro existia em nós
E hoje busco em cada corpo malhado
O cheiro que o seu suor me renegou

Só hoje percebo como fomos imprudentes
Ao deixar a ira nos dominar
Os jogos de te ver só me cegaram
Me conduziram aos atos mais estúpidos
Que te fizeram voar para brilhar em outro céu
Que não o meu...

Acredito que em sua melodia
Desfila a mais soberba alma feminina
O mais puro sentimento humano
A pureza do simples com a sofisticação do complexo
O verso vive na minha intensa infelicidade

Se as madrugadas não são minhas melhores companheiras
Podem se tornar as cúmplices mais profanas
Apesar de respirar o sagrado que vive em seus olhos
Curvo me à sua grandeza
E minh'alma derrete em sua profunda beleza

Com amor...

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Bilhete

Bom dia, querida!

Antes de sair de casa
Deixei meu coração aqui na bandeja
Em cima da mesa

Ao lado dele deixei uma faca
Daquelas de tratar carne
Limpa e amolada

Fiz isso pois tenho percebido
Que seu prazer ultimamente tem sido
Avariar meu peito

Agora não precisas mais de frases de efeito
Ou de sorrateiras agulhadas
Sente-se e divirta-se

Tome cuidado apenas com as artérias
Pois quero meu coração de volta no jantar
Quem sabe durante o sono ele se recupera

Por favor não mate-o
Como tentaste outras vezes
Mas acho que dessa vez não será possível reanimá-lo

Vê se não vai tratá-lo com ódio
Esse mesmo coração que te deu tanto amor
Mesmo surrado das suas torturas

Se por acaso ele ameaçar parar de bater
Dê-lhe dois beijos e diga que o ama
É a forma mais eficiente de prolongar sua sub-vida

Dentre tantos conflitos sangrentos
Cruzes e redenções
Sorrisos e lágrimas
Pensei até em me desculpar
Mas o limite do meu cartão de crédito acabou...

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

O outro lado da rua

Daqui do outro lado
Vejo a bela moça caminhar
Pôs dois brincos de brilhantes
Um vestido de veludo e um colar

Daqui do outro lado
Escondo-me dos teus olhos negros
Onde outrora vil me seduzia
Com pura beleza em teus cabelos

Daqui do outro lado
Não percebes que só eu
Compreendo sua amargura
Que de conta não se deu

Daqui do outro lado
Vejo as falácias das outras bocas
O veneno de suas vizinhas
Que a decaptam como vacas mocas

Daqui do outro lado
Vejo como estás tão triste
Sua casa não recebes mais visitas
Por causa do seu pobre ego riste

Daqui do outro lado
Sinto compaixão do seu estado
Seu coração grita batendo deseperado
Enquanto seu sorriso simpático morre calado

Daqui do outro lado
Imagino como duro deve ser
Ter cupins devorando seu peito
Enquanto o rosto não pode perecer

Daqui do outro lado
Só daqui do outro lado
Posso esconder minha paixão

Daqui do outro lado
Só daqui do outro lado
Tento esmaecer seu coração

Daqui do outro lado
Só daqui do outro lado
Sinto a dor da tua solidão

Daqui do outro lado
Só daqui do outro lado
Sinto-me incapacitado de abrir-me em suas mãos

Daqui do outro lado
Só daqui do outro lado...

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Passeio na praça

Hoje caminhei pela praça
Estava um pouco nostálgico
Talvez triste

Um senhor reclamava do governo
Ele era servidor público
Reclama dos esquemas de corrupção que ele sabia
E isso havia afetado seu cargo

Quando o assunto mudou comentou com o mesmo amigo
O trabalho que deu para ele conseguir a escritura da sua casa
"Teve" que subornar alguns funcionários do cartório
Para que o processo "andasse mais rápido"

Uma criança estava no chão toda enrolada
Uma senhora se aproximou para dar-lhe comida
Uma outra criança veio correndo e puxou sua bolsa
E ela gritou, mas ninguém tomou uma atitude

Nem eu...

Vi estudantes reclamando como a praça estava suja
Nem desconfiavam que alguns metros antes eu já os observava
Alguns deles jogavam bitucas de cigarro no asfalto
E uma garota jogou o papel do picolé no chão

Um rapaz estava revoltado porque havia ficando alguns minutos preso numa porta giratória do banco
Lembrou-me um menor numa nota do jornal preso por fazer parte de uma quadrilha de assalto a banco...

Uma mulher passou esbravejando: "esse país é podre!"

Enfim a tarde caiu.
Pensativo fiquei.
Olhando a estátua do poeta
Me perguntei:

"Quem é o meu país?"

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Escrevo como um cavalo livre
Solto num trigal
Com sua crina dançando com o vento
Cavalgando para onde o sol está

Componho como um cavalo de corrida
Com sela, rédeas e espora
Direcionando acordes e palavras para a linha de chegada
Tentando assim atingir o pódium

Acho que preciso rever os meus conceitos...

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Caminhando vou...

O entardecer é lírico
O vento me sopra o pescoço
A areia da maré lava meus pés
Fecho os olhos e fuço as lembranças

Caminhando pela praia
Admiro a beleza do litoral
Vejo seu rosto desenhado nas núvens
Então começo a chorar

O sol vai se pondo
Os banhistas recolhem-se
Aos poucos fico só
Eu aqui, você no céu

Então tento encarar como será daqui por diante
Sem você para emparear as pegadas comigo
Sei que será difícil para nós dois
Mesmo tendo você guardada no meu peito

O mar molha minha canela
Lembro do fim
Da sua cara de decepção
Muda com os olhos gritando

Vejo o fim da minha sombra
Minha cabeça a uns três metros de mim
E percebo como a natureza é sábia
Nos ensina com grandes sutilezas

Busquei sua felicidade mesmo me anulando
E você me usou quase sem querer
Hoje percebo que a sombra à minha frente
Corre de mim como eu de você

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Primeiro vem o olhar...
Cada vez mais próximo
Cada vez mais penetrante
Aí a gente sente a respiração de perto...
Toda agitada
Toda frenética
A boca começa a ressecar...
Culpa da descarga da adrenalina
As pernas fingem ceder ao peso do corpo
Brincam de desequilibrar
Enganam de querer fugir
Poucos centímetros nos separam...
O abraço se molda no ar
Devagar... bem devagar...
Dezenas, centenas de borboletas voam no estômago
Então consigo sentir o perfume do seu rosto
O coração não se contém dentro das costelas
As mãos suam...
Sinto os seios pressionados contra o meu peito
Deixo a cintura alinhar-se ao meu quadril
As coxas então se entrelaçam
Os olhos vagamente cerram-se
Aí vem o primeiro contato dos lábios...
Vão abrindo-se vagamente
Delineando-se como uma dança
Moldam-se como já se conhecessem
Deliciando-se como uma fruta virgem
As linguas se movem...
Tocam-se buscando o primeiro sabor
Envolvem-se como duas bailarinas
As cabeças inclinam-se
Uma mão invade o cabelo da nuca
Enquanto a outra puxa seu corpo para perto
O peito, em chamas, sente a sua pulsação
Os sexos separados por jeans buscam-se numa dança ingrata
Os corpos se completam
Simulam e dissimulam
E lá, jogados no centro de uma multidão
Amam-se em total e deliciosa solidão...

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Fêmea Louva-deus

Caminho na noite
Meus olhos ainda estão perdidos
Eles procuram um lugar confortável
Onde eu possa deixar minha agonia

Suas palavras ainda ecoam na minha cabeça
Sorrateiras e dilacerantes
Quando você me rasgou ao meio
E fez-me sentir um pó

Caminho com a faca cravada no peito
O mesmo que você arrancou a carne com muita força
Sem forças para levantar meus braços
Doentio inerte repouso

Logo em um momento em que eu estava tão desprotegido
Quando minh'alma exposta estava
Sem a menor chance de defesa ou contra-ataque
Você morreu em minha morte extrema

Nunca atinja o ego de um homem
Em sua mais egoísta essência
Suma e deixe-me moribundo
Onde mulher envenenas minha veia

Te perdôo por te deixar

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Paulo trabalha pro governo
Larissa ama Beatles
João Paulo gosta de Bono de chocolate
Clara é católica
Sérgio torce pro Bahia
Márcia é uma poetiza

Paulo conheceu Márcia numa boate
Larissa se esbarrou com João Paulo na porta do mercado
Clara perguntou as horas para Sérgio no ponto de ônibus

Paulo namorou com Larissa quando eles tinham quinze anos
Clara foi colega de sala de João Paulo no cursinho pré-vestibular
Sérgio nunca viu Márcia na vida

João Paulo e Sérgio são primos
Paulo e Clara estagiaram juntos há 5 anos
Sérgio e Larissa ficaram no show de Ivete

Paulo lê Jorge Amado
Larissa gosta de Fernando Pessoa
João Paulo ouve Chicletão
Clara leu a bíblia duas vezes
Sérgio acompanha o jornal de esporte do meio dia
Márcia lê quatro livros por mês

Paulo dormiu com Márcia naquela noite
Larissa achou o sorriso de João Paulo encantador
Clara conversou com Sérgio até o destino do seu ônibus

Larissa conhece Márcia desde o primário
Paulo e João Paulo trabalharam juntos num supermercado
Clara e Márcia não se falam

Márcia teve um ataque de ciúmes quando Paulo e Clara se encontraram no shopping
João Paulo chorou de raiva ao conversar com um amigo que foi pra o show de Ivete

Paulo encontrou Larissa num barzinho e ele estava abatido pela briga com Márcia
João Paulo quebrou a cara de Sérgio no noivado dele com Clara

Larissa deu um beijo em Paulo, que achou gostoso
Clara achou o doce do João Paulo irreconhecível

Márcia, como boa enfermeira que era, vingou-se de Paulo após cuidar de João Paulo
Morreram de amores...
Paulo se sentiu traído por Larissa quando a viu aos beijos com Clara
Essa última, que de tão desolada que ficou, desistiu dos homens
Sérgio mudou-se para o interior pois nunca aprendeu a enfrentar seus problemas
Foi morar numa cidade vizinha a Ilhéus

O tempo passou...


Paulo se aposentou solteiro
Márcia se mudou para o Chile
Larissa suicidou-se
João Paulo morreu pobre
Clara virou beata no Convento Nossa Senhora do Rosário
Sérgio casou-se com Maria Antônia, que não tinha nada a ver com a história...

terça-feira, 11 de setembro de 2007

O amor é...

O amor é brega
O amor é piegas
O amor é meloso
O amor é pobre
O amor é simplório
O amor é bobo
O amor é banal
O amor é clichê
O amor é besta
O amor é gasto
O amor é vergonhoso
O amor é "coisa de viado"
O amor é escondido
O amor é leviano
O amor é doentio
O amor é preto e branco
O amor é entorpecente
O amor incomoda
O amor cega
O amor aliena
O amor é seu
O amor é dependente
O amor é chato
O amor é "chuchu com arroz"
O amor é bobagem
O amor é suprimido
O amor é engravatado
O amor é guardado no fundo da gaveta
O amor é jogado para debaixo do tapete
O amor é marginalizado
O amor é negligenciado
O amor é mal-fadado
O amor é imoral
O amor é amoral
O amor é despudorado
O amor é anti-ético
O amor é sujo
O amor é nojento
O amor é hipócrita
O amor é manipulador
O amor é ridículo

O amor é a minha cueca furada

"Vivemos num mundo onde as pessoas se escondem para fazer amor enquanto a violência corre solta pelas ruas" (John Lennon)

Catarse

Arranca!!
Arranca-me daqui!
Entou envolto das loucuras da vida
Amarrado, amordaçado, e cheio de implosões

Arranca!!
Arranca-me daqui!
Quanto mais um passo, mais desespero
Quanto mais um sorriso, a dor pulsa em minhas artérias

Arranca!!
Arranca-me daqui!
Vejo ao final do túnel uma luz
Só não sei se é o sol ou o brilho dos teus dentes caninos

Arranca!!
Arranca-me daqui!
Minha coluna dói, meus braços doem
Os nós estão apertados demais

Arranca!!
Arranca-me daqui!

Por... favor...

...


Hey!! Hey!! Acorda...
Meu anjo...

Hey!! Hey!! Estou aqui...
Bebe um pouco d'água...

Hey!! Mmmm...

Tum, tum... Tum, tum... Ahhhhh...

Última poesia

Sim, é verdade!!
Os versos agora estão sujos de sangue
Um pequeno poeta sonhador
Nos deixa no peito tamanha dor

Um vítima de uma realidade violenta
Perdida aos 22 anos de puro surrealismo
Suas poesias estão órfãs
Suas musas estão mudas

Sabe-se lá de onde vinha sua sensibilidade
Mas todos adoravam aquela cara de felicidade
Quando dotava papéis de sentimentos
Romance, amor, pensamentos

Um jovem que amava viver
De repende vê sua vida perecer
Cada estrofe que agora cheira a pólvora
Mantém no nosso peito uma chama de esperança

"Mãe fiz um poema para você!"
Numa esquina escura ouve-se o tiro disparado
"Meu amor, minha Deusa, amada mulher"
Pneus cantam e dobram a avenida
"Vejo nos teus olhos o amanhecer do mundo"
Uma última lágrima molha o asfalto
"Para o pai mais amado do universo"
O fim...

Em seu velório uma multidão se aglomera
Rima-se choro com amor
Sonetos em silêncio cantam
O vôo de um poeta amador
Pensamento do Muçulmano: A verdade está no alcorão. Alá é o criador de tudo no universo. Devo rezar cinco vezes por dia, submeter-me ao jejum anual no mês do Ramadão, pagar dádivas rituais e efectuar, se possível, uma peregrinação à cidade de Meca uma vez na vida. Nós sabemos que Cristo não é um messias nem foi enviado por Deus, por isso que o nosso calendário não se baseia no seu nascimento. Um dia os católicos descobrirão a verdade...

Pensamento Católico: A verdade está na Bíblia. Deus enviou Jesus para erradicar o pecado do mundo. Ele morreu para nos libertar. Devo ir à missa para pedir a bênção de Nossa Senhora, confessar-me ao padre, ouvir atentamente seu sermão e aceitar a hóstia como representação do sangue e corpo de Cristo. Sempre que posso adquiro um suvenir ou tento montar o meu oratório para abençoar minha casa. Essa é a verdade. Só Jesus salva! Tenho pena dos espíritas. Um dia eles descobrirão a verdade...

Pensamento Espírita: Deus é toda a energia do universo. As almas seguem uma hierarquia evolutiva regida por Deus. A evolução se dá pela dor ou pelo amor. A depender do nível de evolução a capacidade de abstração do universo aumenta. Existem karmas e obsessão. Podemos de acordo com nossa fé pedir orientação aos nossos irmãos de luz. Eles nos protegem das energias negativas sempre que podem. Existe o livre arbítrio e cada um responde por seus atos. Os ateus são o que são porque não captaram as manifestações da vida mostrando quem é Deus. Com a evolução ele acabará por aceitar a existência de Deus...

Pensamento Ateu: A religião é um terrível regulador social. A igreja desenhou com sangue sua história no mundo: Matou, extorquiu, manipulou e até uniu-se aos nazistas. As pessoas são cegas! Não entendo... a história mostra tudo de negativo que a peste católica trouxe ao mundo e ainda assim elas entram como cordeiros nas igrejas e se deixam manipular. É uma prisão. Deus não existe e não há como provar sua existência. Mas eu tenho certeza que um dia as pessoas irão abrir os olhos e se libertarão dessa realidade aprisionadora...

Pensamento Budista: Devo evitar o mal, fazer o bem e cultivar a própria mente. O objetivo é o fim do ciclo de sofrimento, samsara, despertando no praticante o entendimento da realidade última - o Nirvana. A moral budista é baseada nos princípios de preservação da vida e moderação. O treinamento mental foca na disciplina moral (sila), concentração meditativa (samadhi), e sabedoria (prajña). Apesar do budismo não negar a existência de seres sobrenaturais (de fato, há muitas referências nas escrituras Budistas), ele não confere nenhum poder especial de criação, salvação ou julgamento à esses seres, não compartilhando da noção de Deus comum à maioria das religiões. Um dia todas as demais religiões entenderão que é a assim que a vida funciona...


Agora eu te pergunto: COM QUEM ESTÁ A VERDADE? Pense direitinho...

Mulher

Mulher minha
Minha guerreira de luz
Minha santa esperança
Onde em teus seios repouso
O meu corpo cansado da guerra

Mulher viva
Minha deusa do amor
Minha vida encarnada
Onde os meus planos florescem
Suporte do meu futuro

Mulher vermelha
Minha fonte de cor
Minha fonte de libido
Onde em ti me faço homem
E à natureza me derramo em devoção

Mulher rica em grandeza
Meu pilar tenaz
Minha Glória amada
Onde meu coração reside
Onde meu mundo se faz real

Meu Desejo

Ontem me peguei perdido em meus pensamentos
Imaginando como será a minha vida daqui a vinte ou trinta anos
Me surgiram algumas dúvidas...

Não sei se vou estar careca ou com uma vasta cabeleira branca
Não sei se vou estar rico ou lutando para pagar o aluguel do apê
Não sei se vou ter barriga ou exibir belos braços
Não sei se vou ter os mesmos amigos ou outros conquistados pelo tempo

Talvez eu deixe de acreditar nas pessoas
Talvez eu ache que o Brasil será o país do futuro
Talvez tenha filhos saudáveis
Talvez esteja morando no exterior

É possível que meus pais estejam com muitos cabelos brancos
Talvez não...
É possível que o meu time volte a ser grande
Talvez não...
É possível que a vida me leve para bem longe daqui
Talvez não...
É possível que os meus amigos de hoje me dêem alguns afilhados de amanhã
Talvez não...

Quem sabe para onde os meus sonhos e anseios mudarão?
Quem sabe se terei composto algumas belas musicas?
Quem sabe se osteoporose vai me tocar?
Quem sabe se os meus netos irei carregar?

Mas uma coisa eu desejo com todas as minhas forças:
ESTAR AO SEU LADO!

Quero ver os primeiros cabelos grisalhos brotarem
Quero ver a insegurança da mocidade dar lugar à experiência da velhice
Quero descobrir os mistérios do mundo com você
Quero chorar de felicidade quando nosso primeiro filho nascer
Quero aturar suas TPMs e rir de sua cara de brava depois
Quero todo dia de manhã de ver enrolada com frio por causa do ar condicionado
Quero discutir política e poesia
Quero dar lição de moral nos "meninos" e colocá-los na linha
Quero adimitir meus erros e aprender muito com eles
Quero você...

TE AMO!
Megulhei...
O último ruído que ouço é o da água preenchendo meus ouvidos...
Depois o silêncio...

Aos poucos minha audição vai se aguçando.
Um radar é ligado...
Posso ouvir alguém nadar lá bem longe...

Passaram-se vinte segundos...
Estou sozinho lá.
Começo a ouvir meus batimentos cardíacos...
São bem mais fortes do que eu imaginava.

Se eu mexo minha boca ouço a saliva passeando entre os dentes.
Se eu viro a cabeça ouço os ossos da minha coluna se roçando.
Se solto um pum... ixe! Parece uma bomba atômica...

Se o meu dedo estala ouço um traque explodir
Se engulo água ouço seu passeio pelo esôfago até seu repouso no estômago
Se percebo um arroto subir, ouço uma grande rocha rolar dentro de uma caverna

O ar vai acabando...
De volta à tona...
Som de carro, pessoas conversando, crianças correndo...

Solto ar...
Puxo ar...
Prendo a respiração...

E volto ao meu universo particular...
Por que será que a humildade anda tão distante das pessoas?
Abrem-se as cortinas. Aqui tudo vale...

Entram cena dezenas de atores. Aqui todos choram...

As luzes ficam ora mais fortes, ora mais brandas. Aqui todos vivem...

A trilha sonora é tensa até o primeiro beijo. Aqui todos sorriem...

Os atores fingem, gritam, se entregam. Mas nem todos morrem de amor...

A platéia vaia. A platéia vibra. A plateia fica em transe...

O coro sobe. O tapa arde. O vinho derrama. O padre morre...

No palco Deus não existe. Ou existe. Tanto faz...

Sob os holofotes as palavras ofendem e causam estardalhaço.

"No hay banda! No hay orquestra!"

Apenas o playback encanta os ouvidos sãos...

A valsa saltita nas suas orelhas. As lágrimas molham as poltronas.

Fora do auditório o mundo está em guerra. Aqui Romeu beija Julieta sob aplausos...

Aqui a realidade usa um figurino engraçado, se maqueia de magia e esquece da verdade...

Ao final, fecham-se as cortinas, as pessoas de pé aplaudem...

Mesmo corroídas por dentro, elas aplaudem...

Os atores retornam da fantasia e se curvam para frente. Aqui não há verdade...

A luz esmaece, o sonho dorme, a chuva cai novamente...

Amanhã será um novo público, novas pessoas, novos sentimentos, os mesmos aplausos...

"E eles viveram felizes para sempre"

Carta aos amigos

"Solidão é nada
Se comparar ao sentimento
Que ponho nessa canção
De coração aberto, destemido, sofrido.

Sigo sempre a linha errada
Escrevo torto, vivo torto
Não tenho com o que me preocupar
Já achei o meu lugar, o meu lugar...

Ao chão
Oh não, não tenha pena junto a mim, eu não tive maldade
Perdão
Me perdí, sofrí demais hoje eu quero a paz
Solidão.

Não sou mais quem você conheceu
Não sou o mesmo, mesmo que pareça mas
Meu coração é turvo, e não cabe nem a mim.
Quanto mais os demais
Que ainda tentam me tirar
Quando quero me atirar

Ao chão
Oh não, não tenha pena junto a mim, eu não tive maldade
Perdão
Me perdí, sofrí demais hoje eu quero a paz
Solidão."


Música e letra: Stefan Brunner

* Esta música foi escrita por Beavis direcionada para todos os seus grandes amigos que estão aqui no Brasil. Postei-o aqui para que todos possam compartilhar desse sentimento nostálgico dele.

Que a força esteja com você, meu irmão!

Para um Sócrates de moicano

É impressonante acompanhar o crescimento de um irmão
Batemos cabeças juntos
Curtimos músicas juntos
Choramos juntos

Idealizamos um mundo melhor
Lutamos (mesmos que dentro de nossas humildes fronteiras) por ele
Gritamos nossos sonhos
Tentamos fazer valer a pena

Mesmo com tantas discordâncias
Temos a mesma essência
E vejo ao lado o tempo caminhando em passsos suaves
Nos levando sabe lá Deus para onde...

Hoje vejo um homem brilhante em formação
Um poeta afiado, cortante
Um caráter tenaz
E seus cabelos arrepiados

Quando suas palavras entram em cena
Sento-me sozinho na poltrona central do teatro
Emociono-me com cada verdade que enxergo
Mesmo me sentindo cego às vezes

Ao final do espetáculo
Levanto-me sozinho
Ora aplaudo, ora choro, ora me revolto
Mas NUNCA me senti indiferente

Dentre tantos pensadores
Dentre tantas palavras soltas
Dentre tantas teorias
Ainda vejo uma guitarra preta carregada de sonhos

"Tontura nunca antes vista...
e os acordes dissonantes conspiram contra nossa mente
riscamos nossa pele profundamente
para cravar desejos vistos como profanos..."

"A CEGUEIRA NÃO EXISTE
O CEGO TEM SUA AQUARELA DE CORES VISÍVEIS
E SEU PINCÉL DE VONTADE VERDADEIRA
A MENTIRA TAMBÉM NÃO EXISTE
A VERDADE É QUE NÃO SE CONTENTA COM A OUSADIA
DO INVENTAR..."

"alguns amigos meus, só falam de música comigo...
alguns amigos meus, só falam de sexo comigo...
alguns amigos meus, seguraram minhas barras a vida toda...
alguns amigos meus, são distantes mas posso contar com eles...
alguns amigos meus, não tem culpa de serem distantes de mim...
alguns amigos meus, precisam muito de mim..."

Muito obrigado por tudo, Thiago Fonseca!!

Eu já te disse hoje?

Eu pensei que havia perdido
No tempo e no espaço
Um diamante...

Mas a sensatez me mostrou
Que o passado de fato é um rascunho
E por mais que a gente rabisque e gaste borracha
A vida nos mostra que todo rancor não vale a pena

Foi bom demais depois de tantas dúvidas e conflitos
Ver seu sorriso recheado de pureza quando me viu
Sentir seus batimentos cardíacos de perto
Um choro sincero...

Há muito tempo achei que aquela garota pura
Havia se perdido no tempo
Ontem me transportei há uns 3 anos
E resgatei uma página preciosa de nossa história

"Pude então entender que a insegurança nunca teve um porquê
Simples como um olhar a nossa vida não nos deixa para trás
E por mais que a dor insista em vingar no peito
Sempre surte efeito no final"

Sim! Nós a escrevemos juntos...

O Hospício do dia-a-dia

Incoerência...

Comer parafusos de manhã
Amarrar os cabelos no ventilador
Beber óleo na merenda
Conflitos sobre roupas de cama

Blasfemar contra a televisão
Calçar um chinelo e um coturno
Vestir o pano de chão
Desrespeito aos meus sentimentos

Queimar dinheiro
Fumar coentro
Ir ao cinema de pijama
Inversão de valores

Ser perseguido pelos Federais
Não ficar nu no banheiro
Ter vergonha de amar
Despejar frustrações em mim

Beijar o anão do jardim
Jogar uma bigorna do oitavo andar
Arrastar uma montanha com as mãos
Ver a cólera dentro dos seus olhos

Incoerência...

Incoerência...

Incoêrecnia...

Inoececrnia...

Nianecorecni...

Eicnireocea...

...

..

.

Adeus

É até difícil escrever isso para você.
Nasci nos teus braços, cresci sobre seu seio
Tentei de todas as formas acreditar no nosso futuro.
Mas que pena...

Depois de tantos anos infelizmente enxerguei a verdade
Nosso relacionamento chegou ao fim.
É, eu sei que é duro para nós. Talvez apenas para mim. Mas é a verdade...

Não aguento mais a sua falsidade. Seus filhos me maltratam apenas por serem o que são.
Eu tentei encontrar culpados pela nossa falência emocional.
Mas para mim é definitivamente o fim.

Tenho me sentido traído. É... traído! Não me olhe com essa cara de surpresa.
Você levou tudo que eu tinha. Tudo que eu tentei construir...
É duro demais. Desculpe-me por não conter as lágrimas.
Tenho que nascer de novo longe do seu calor.

Deus é testemunha de que eu tentei. Engoli a seco seus problemas, tentei não ligar...
Mas é mais forte que eu!! Agora tenho que olhar para mim!! Para mim!!
O que será daqui por diante?

Eu sinceramente não acredito nas mudanças que você me promete! Já fui ludibriado demais!
Entreguei meu coração pulsando em suas mãos. Depositei confiança, lutei por nosso romance. Mas agora quem não aguenta mais sou eu.

Espero de coração que um dia você tenha um sorriso mais limpo e brilhante. Potencial para isso eu sei que você tem. Basta querer. Espero que seus filhos possam orgulhar-se de sua mãe gentil. Que o sol de raios fúlgidos brilhem sobre seu céu da forma mais pura e esperançosa possível.

Rezo para que você revele-se gigante pela própria natureza, e que o seu futuro espelhe essa grandeza morta e devastada. Ame-se!! Tenha um pouco mais de amor próprio!! Pelo amor de Deus...

Eu não aguento mais te ver deitado eternamente em berço esplêndido, totalmente inerte e desmembrado. Reaja! Você sabe que é bem mais que um prostíbulo chulo.

Sei o que sempre esperou de mim! Acreditava que nenhum filho teu fugisse à luta... Eu não fugi. Eu só percebi que essa luta é infundada e inútil. Não é necessaria uma luta entre você e eu!! Mas você insiste em me deixar despido...

Acho melhor parar esta carta por aqui. Não quero me magoar mais. Fique em paz, viva com Deus.

Não me ligue mais...

Adeus..


...Brasil!

Ele e Ela

E do pranto nasceu a dor
A mochila nas costas com as roupas do último verão
O orgulho borbulhando nos olhos
Cabeça baixa e coração queimando
Ele fechou o portão de casa e foi-se...

Com o cabelo tingido na semana passada
As marcas vermelhas nas costas e roxas no peito
Despida de roupas e de amor próprio
Com uma sensualidade aterradora
Ela pôs-se a chorar...

Vendo o mundo com olhos perdidos
Deitou-se no asfalto
Pensou nos amigos da faculdade
Quantos kilômetros entre a juventude e o fim do mundo
Ele sentiu o peito arder...

Pôs o disco de blues para tocar
Não conseguia contêr suas mágoas
Borrou o lápis de olho com lágrimas
Arrependeu-se violentamente das aventuras vãs
Ela entrou em desespero...

Lembrou-se vagamente que um dia deixara o mundo pelo seu amor
Deixou o seio de sua família
Por uma beleza entorpecente
Sacudiu o barro da bermuda
Ele voltou a caminhar...

Deitou-se tonta no sofá quase sufocada pela dor
Puxou ar, mas engasgou-se com o pranto
Chorou sua melhor canção
Mas o rosto dele não saia da sua frente
Ela sucumbiu...

Tonto, cruzava as pequenas ruas de parelelepípedos sem destino
Entrou no bar, tropeçou num taco de bilhar
Arrastou-se até o balcão
Pediu uma bebida
Ele não sabia se o peito ardia pela cachaça ou pela traição...

Não tinha mais certeza de nada
Escorria seu veneno por entre as pernas
Com as mãos tremendo pegou o telefone
Discou como pôde
Gritando por dentro
Ela ficou muda...

Ele, embriagado, não atendeu o telefone ao primeiro toque
Com o ar lhe faltando nos pulmões
Com a compaixão lhe faltando no peito
Pôs a mão no bolso
Ele pegou o telefone...

Ela de uma lado, Ele do outro

Do outro lado da linha,
"EU TE AMO!"...

Cadê?

Cadê meu suco? Secou...
Cadê meu copo d'água? Secou...
Cadê a poça que estava no quintal? Secou...
Cadê a piscina? Secou...

Cadê a saliva do beijo? Secou...
Cadê a lágrima dos meus olhos? Secou...
Cadê meu sangue? Secou...
Cadê o aperto de mão? Secou...

Cadê o "bom dia"? Secou...
Cadê meu cafézinho? Secou...
Cadê meu filho? Secou...
Cadê meu ânimo? Secou...

Cadê a alegria dessa casa? Secou...
Cadê minha esposa? Secou...
Cadê meu leite? Secou...
Cadê meu relacionamento? Secou...

Cadê meu bom-senso? Secou...
Cadê meu abraço? Secou...
Cadê o afago? Secou...
Cadê a emoção? Secou...

Cadê a gasolina do meu carro? Secou...
Cadê a boa vontade? Secou...
Cadê a solidariedade? Secou..
Cadê o amor? Secou...

Cadê a chuva? Secou...
Cadê o sol? Secou...
Cadê "eu te amo"? Secou...
Cadê seus olhos? Secaram...


...


E o que restou??

Amanhecer

Cada gota de suor que corta o ar
Mergulha num lençol embolado
Cada sorriso malicioso
É convertido em paixão

Cada cabelo arrancado
Abre as portas do céu
Cada olho cerrado
Sente o gosto do mel

Cada pêlo suado
Guarda um segredo profano
Cada mito quebrado
É um orgasmo insano

Cada carne rasgada
Faz nascer uma dor
Cada sangue escorrido
Faz brotar um amor

Um gemido sofrido
Sufocado pelo desejo
Os dentes mordendo os lábios
Cotovelos e joelhos tremidos

Cada vai e cada vem
Olhar penetrante e sincero
Sudorese abundante
Seios, borracha e tesão

Vejo daqui a sua silhueta
Desenhada sob a luz de três velas
Aroma de Deusa penetra meus poros
Eva, maçã, perdição

Mãe Natureza

Uma paz, um desejo, o sol
Esquetando a nobreza do mundo
Enrolados em arames farpados
Destroçando o bom-senso-comum

Ideais de nuâncias sutis
Vinho pobre, pedaço de pão
Desumano, humano, amor
Caiçara, comida, perdão

Cama fraca, mentiras ao léu
Kamikaze, meu ego defunto
Eu que vi o amor odiar
Nesse mundo imenso e imundo

Cai amora no meu coração
Grande mancha vermelha profunda
Desce o sangue, o tiro, o chão
Sinto a dor lá no centro do mundo

Olhos afiados

Ouço passos pela calçada
Ouço o medo respirar
Corro além do seu alcance
Fujo dos seus olhos afiados

Sigo a sombra além da sua ambição
Obcecado sumo dentre os prédios
Consigo daqui ver suas veias pulsarem
Sinto a tensão percorrer minhas entranhas

Sim! Corro com medo do seu "sim"
E pânico de usar meu "não"
Um busto na praça me olha sorrindo
Liberto o beijo e o coração

Vejo as folhas secas alisando meu rosto
Sinto as feridas dos joelhos arderem
Esqueço nosso passado sagrado
E expurgo meu sexo entre suas mãos

Mesmo longe da sua boca
Posso sentir o veneno me sufocar
Pisco os olhos e deusa te amo
E escravo seu faço a Terra parar

Deuses Amantes

Éramos como dois deuses pagãos
Acabados de fugir do paraíso
Tínhamos toda a beleza e o poder da juventude em nossas mãos
E todos os pecados do mundo a serem cometidos

Lembrando dos momentos incríveis que colecionamos
Voei para dentro de meu coração
E tentei enxergar a verdade que seus olhos tanto escondiam

Foi deseperador perceber no primeiro momento suas vis mudanças
Uma deusa perfeita, linda e amada
Agora perdida...

Todo o sentimento infantil que me nutria fora exterminado
Por ter sido sonhador demais
Deixei minhas portas abertas para você
E sorrateiramente você se foi

A solidão crua que agora me envolvia
Era cultivada pelo meu algoz
A infeliz verdade saltou aos meus olhos
Então o sorriso virou pranto
O "bom dia" virou desencanto
A razão virou espanto
O sagrado virou profano

Tentei encontrar culpados
Fatos marcantes de nossa trajetória imoral
Mas minha cabeça não esquecia seu nome
E meu coração o seu sorriso banal

Então caí de joelhos no mundo
Me perdi em cada esquina escura
Em cada seio nu
Em cada boca vadia

Os meus erros?
Esses eu ainda tento descobrir onde estão...
Talvez tenha errado no primeiro "Eu te amo" que te disse
Ou então em deixar todo o tesouro em suas mãos
Os meus amores agora são distantes
E a minha vida um inferno de Dante

Porém posso ainda estar enganado
Que me desculpem Deus e o Diabo
Mas prefiro pegar minha estrada
E desfazer lentamente o seu rastro

Sei que o homem não é digno de amar
Pela sua própria conduta errante
Mas se essa é a verdade do mundo
Fomos como grandes Deuses Amantes

Hoje aprendi com nossa história
Que a vida não segue uma lógica
Então eu vivo sem peso nas costas
E a certeza que escrevemos uma linda história

Incrível

Acho que consegui o que todo homem quer
Tenho do meu lado o melhor fruto de vênus
Tenho sob os lençóis a maior beleza na natureza
E sob as costelas o maior amor do mundo

Uma mãe, mulher, amiga e filha
Dona de meus conceitos e meus medos
Olhos que guardam cada mensagem culta
E uma boca assustadoramente suave

Sou capaz de gravar em seu peito
Em vivas cores e com o senso de verdade
Em letras garrafais e cabeça erguida
Que és rainha de um plebeu errante

Ontem mesmo perguntei à chuva
Enquanto suas doces lágrimas me encharcavam
Se o sexo é o Deus da paixão
Ou se os homens são seus meros escravos

Ardilmente colhi a resposta
Que quente em meus ouvidos penetrou
Descobri que a paixão escraviza o sexo
E Deus brinca com o desejo dos homens

Fechei os meus olhos e um flash surgiu
Como uma congratulação espantosa
Te vi então nua e molhada
Em seu peito erguida a vitória

Se um beijo sela a união
Se o respeito contrói um império
Somos dois abençoados então
Por amarmos em berços eternos
Eu... Por que não NÓS??

Davi e Golias

Golias aceita propina
Davi burla o imposto de renda
Golias vende o país
Davi frauda em seu mercadinho
Golias monta esquemas de corrupção
Davi combina preços com o comerciante ao lado
Golias vê mas não faz
Davi faz que não vê
Golias não dá saneamento básico
Davi joga saco do picolé e casca de amendoim no chão
Golias possui polularidade
Davi possui clientela
Golias vende a educação
Davi bate no filho por ser honesto demais
Golias tem conta na Suíça
Davi tem caixa dois
Golias caga no país
Davi não cata o cocô do seu cachorrinho no parque
Golias "alivia" a pressão no congresso
Davi falta a reunião do condomínio
Golias abre as pernas para o FMI
Davi é homofóbico
Golias come caviar
Davi torce para o Flamengo
Golias não cuida da saúde pública
Davi não usa camisinha
Golias deixa o trânsito um caos
Davi dirige falando ao celular e reclama das multas
Golias é dominado pelos traficantes
Davi fuma maconha
Golias é letrado
Davi mal terminou o ensino médio
Golias diz que o Davi é preguiçoso
Davi põe a culpa de sua miséria em Golias
Ambos somos brasileiros.

Tão você

Tão simples e tão sofisticada
Tâo sorriso e tão rocha
Lágrima e gozo...
...então Deusa!

Tão amante e tão amada
Tão devassa e tão lady
Cheiro e suor...
...então orgasmo!

Tão meiga e tão mega
Tão anjo e tão demônio
Fogo e oceano...
...então vida!

Tão ouro e tão barro
Tão lábios e tão alma
Coração e sublime...
...então mulher!

Tão perdão e tão paixão
Tão beleza e tão zênite
Tão Você...
...então eu!

Saudades do que não foi vivido

É possivel sentir saudade de alguém que a gente nunca viu?
É possível amar uma pessoa que nunca direcionou um olhar diretamente ao seu?
É possível sentir o medo e a aflição de alguém sem nem sequer ouvir a sua voz?
É possível preocupar-se tanto com uma pessoa que nunca vimos a ponto de derramar lágrimas mediante a seu sofrimento?
É possível confortar-se nas palavras doces de uma pessoa que nunca nos desferiu um sorriso?

A distância não existe quando a vontade de estar junto ultrapassa os limites do bom senso...
Vejo seus olhos apenas nos meus sonhos, da forma que eu mesmo idealizei! E continuo seguindo a vida com o desejo e a vontade de exteriorizar todo um desejo que sou obrigado a abafar, e que sem o menor dó me engasga...
A incerteza sobre o futuro e a possibilidade de algum dia sentir o seu perfume permeia a cabeça de um simples baiano saudoso, que sem a menor pretensão, carrega em seu coração o desejo e a saudade de uma pessoa que nunca viu, nunca tocou e nem sequer beijou...

Porto de Galinhas II

Mas uma vez estou aqui
Parado, abobalhado, em frente a esse imenso choro
Sempre agradecendo sua presença
Com a alma rasgada em sua homenagem
Prendo o choro e sinto sua mão em cada passo de minha vida
Gostando de nossas nobres confissões
Percebo o tamanho amor neste imenso coração que aqui espanca minhas costelas
Frente a frente, olhos nos olhos,
Tentando desvendar cada segredo que o mar insiste em me contar
Mas assim prefiro exilar cada mágoa, cada dor e cada medo
Nas ondas brancas e sapecas
Deito-me nos seus braços
Sinto cada beijo como se fosse o último
Seu abraço envolvente consegue arrancar minhas mãos, meu carinho e meu sossego...
Era como se o mundo tivesse estacionado lá fora
Nada mais a compreendia
Depois de ter seu coração dilacerado pelas suas próprias atitudes
Acendeu um cigarro... e nada mais
Sabia que sua sinceridade excessiva havia lhe traído
E diante daquele espelho, vestida com um luxo impecável, começou a gritar...
Ela tinha que engolir o choro!! Era capaz de sentir a semente e a serpente ainda vivas dentro de suas veias
Sabia que aquele olhar seria o último. Ela sabia disso...
Tentou disfarçar a frustração que lhe tomava. Aquele rapaz belo e perspicaz não era mais o protagonista de seus sonhos...

Mas qual o sentido daquela dor? Ela se entregou por inteiro àquele agoz e olha o resultado: ela se sentia um nada! Um nada da pior espécie! Dera-lhe beijos e o amor mais puro do mundo! O maior!! O MAIOR!! Ela sabia sim... ela sabia! Sabia que seus instintos foram levianos! Sabia que seu maior desejo o sufocara! A lua agora era sua principal inimiga! E o silêncio cantou em seus ouvidos...

Pensou na criança que estava carregando em seu ventre. Ela tinha que acabar com aquele pesadelo. E mesmo com aquele pesar, pôs-se a chorar...

"Ela só sentia a dor
A falta que faz o ar
E a falta que faz o amor
O vazio que a consome
O desespero que a invade
A janela parece uma boa saída
ou uma fuga covarde
E mais uma vez dói
Ela já nao sabe o que fazer
Ela nao quer estar sozinha
Ela nao quer morrer
E ela só sente a dor
A mesma dor de antes
A falta que faz o ar
E a falta que faz aquele amor..."

* O trecho entre aspas foi retirado de um poema de Laís Souza, mas que se encaixa perfeitamente com o texto
Cabelos de anjo
Olhar pervertido
Sorriso maroto
Sorriso e libido

Lua e fada juntas, fundidas, perdidas
Mãos fortes e sapecas
Piercings, tinturas, beleza e luz
Compõem a tua magia

Ao envolver-me entre suas pulseiras
Me permite sentir seus batimentos
Repousar sua bela cabeleira em meus ombros
Homem vivo desperto-me

Amizade fundida com vermelho
Vermelho escorrendo em minh'alma
Fragmentar dois mundos de um mesmo sistema solar
Impossível então...

Quando a insegurança te toma o peito
E as lágrimas marginalizadas percorrem seu rosto
Vejo então o seu olhar
E cresço, envolvo-te, alivo imediato

Olhar dilacerante o teu
Meu mundo é dopado
Pensar já não mais cabe
Pensar... pensar... pensar... não...

Impulsos incontroláveis reluzentes
Disparos bombásticos imponentes
Desencadeia sentimentos proibidos
Me nega o sonho perdido

Jamais irei esquecer
Os piques dados em minha direção por apenas me ver
A menina sapeca escondida nesses traços de mulher
O desejo de fundir duas almas

Assim és, assim vives
Que a lenha do teu fogo mantenha-se acesa
E a alegria de te ter como amiga
Seja eterna enquanto vivemos
Laila:
A areia está quente claro
A gente começa a caminhar

Miro:
... o sol batendo no rosto, a água gelada tocando nos meus pés como se fora um sugador de energias negativas,
me arranca todo o mal pressentimento!! Fecho os olhos devagar e sinto a brisa do fim de tarde atingir meus cabelos.
O medo some! Enfim, nós! As ondas me acolhem como num berço e a água aquece como por um passe de mágica...
Apenas nós... Abro os olhos lentamente e vejo você ao meu lado. Por um segundo o mundo pára de girar e a praia,
então, deserta! O frio acaba. Apenas um sorriso....

Laila:
Só então percebi que você foi capaz de voar por todo o mar e voltar para meu lado. Sem que eu pudesse entender,
porque você se foi e permaneceu no meu pensamento, você não sabe o quanto fiquei a te esperar... vc é tudo....

Miro:
O vôo foi tão mágico quanto melancólico! Não foi por escolha... apenas fui. Vítima de nossos pecados,
precisei respirar outros ares! E por mais ondas que pulei, nuvens que furei, ilhas que visitei, a memória dos
nossos momentos jamais fora abalada! A saudade do teu cheiro e desse olhar que me é desafiado agora sempre foram
tão vivas na minha mente, que após anos de distânca, enfim, estou aqui, na sua frente... Sozinhos na multidão,
somos belos! Apenas eu e vc... Ninguém mais! Então, sua pele sinto tocar a minha. A adrenalina insiste em percorrer
minhas veias. Minha cabeça roda. Sinto vc se aproximar...

Laila:
O sabor de seus beijos, me enchem a boca, me arrepio com a sensação de seus lábios tocarem os meus. Foi assim...
só nós dois na praia e eu me perdí, louca por tí...

Miro:
Dois corpos, duas almas, dois amantes... A areia se torna o mais inebriante ninho!! Sua mão me acariando,
seus olhos me cegando... A respiração ofegante, a liberdade!! Cada toque que sua lingua diminui a distância
entre nós Vênus... Sua voz ensurdece meus olhos, porque sentidos não mais existem! Então pergunto: "Quem és"!
Me responde: "A vida". Então nu. Um sorriso brota em sua face. Não há mais castidade! Dois seres únicos, agora,
apenas um!

Laila:
Como uma névoa nos campos, você me aparece rodeando meu corpo fazendo sentir frio, e ao mesmo tempo sinto
um calor queimar meu ventre, meu desejo é maior que a razão;

Miro:
A razão! O maior avesso da emoção que nos impede de voar até limite de nossas asas... Deixai, ó senhora, que o desejo
tome conta da sua alma, e, sem pestanejar, vamos juntos passear por todos os becos escuros dos nossos preconceitos,
vamos dançar em cima de nossa hipocrisia... Não há mais certo ou errado. Apenas a vontade de ser e estar. Somos dois
foragidos, cúmplices, bandidos! Mas o q importa?? Eu a quero mais do que tudo!! Seus olhos....

Laila:
...esverdeados, tão belos, tão puros, são meigos infantes, gentis, me causam tormento, com beijos nos pagam a dor
de um momento...

Miro:
Parece que o pecado tornou-se lenha... Sei que devo parar mas não consigo! Sua mão invade minha roupa e me arranca o sossego!
O que faço? Não resisto... Só sinto sua língua invadir meu eu! Não consigo nem quero parar...

Laila:
Eu muda, Não penso ? você faz parte da minha cabeça. Nas almas tão puras, as vezes do céu, cai doce harmonia duma harpa
celeste, um vago desejo; e minha mente se veste de você

Miro:
Muda está, muda ficará! Palavras faltam nesse momento... Vejo apenas seus olhos cerrando-se vagarosamente, me sinto possuindo
você... Nada mais. Apenas um sorriso e uma lágrima. Será que somos merecedores de tanta graça? Eu te amo...

Laila:
Assim eu te amo, mais do que podem dizer-te os lábios meus. Nunca saibas com quanto amor eu te amo, e de que fonte
tão terna, nunca deixe-se secar no quanto amargo da terra...

Miro:
Morto então estou!!! A carne separa-se da alma e em rumo à plenitude parto! Sei q a dor é grande para você,
mas amor tamanho não pode caber em um só mortal!!! Estarei sempre orando e olhando por ti... Nem mesmo a morte irá nos
vencer!!! Somos dois corpos com a mesma essência...

Laila:
Meu peito como um fogo de duas chamas ardía em duas regiões em pé, caio aos seus pés, implorando a sua volta,
no seu silêncio posso achar consolo, na dor aumento, intérprete nas lágrimas. Um clima tórrido, madrugava apenas
eu e você, as longitudes do seu corpo me deixavam cada vez mais triste, e eu continuo a implorar... volte, te imploro!

Miro:
Ainda em outro plano toco o seu rosto! Tento enxugar suas lágrimas mas meus esforços são em vãos!! Você não pode ver
na minha face o dor de não mais poder te tocar! O desepero toma conta de mim!!! Subo aos céus e aos Deuses desafio!
Amor tamanho não pode acabar! É mais forte e mais pleno do que eu!! Sinto o Diabo tentando apoderar-se de mim, porém sou
mais forte, porque você ainda vive em mim!! Aniquilo os tridentes de lúcifer e caio de joelhos perante Deus... Chorando
lágrimas de sangue imploro piedade... Como num passe de mágica o escuro se vai... Abro os olhos lentamente. Sua imagem
toma nitidez aos poucos diante de minhas retinas... Por amor, ressucitei!

Laila:
Feliz por tua volta, deito-me junto a você, puro como se na margem de um oceano, seu olhar largamente verde
a luz caía como uma água seca, em transparentes e profundos círculos de fresca força. Ainda com lágrimas no rosto,
beijo-te docemente enchendo-o de amor e oculto fogo.

Miro:
Um milagre. Fomos fortes e firmes os suficientes para vencermos à morte! Vc abre lentamente minha camisa,
sua língua em meu mamilo, água e sal... Deito-me lentamente ainda sentindo sua língua e suas lágrimas sobre meu rosto!
Como posso ter dama e devassa numa só mulher? Isso me faz enlouquecer. Sinto seus cabelos roçando em minha barriga nua,
sua boca brincalhona como sempre passeiam sobre meu abdômen contraído...

Laila:
Desço mais um pouco, o que espero, cobiço, almejo, ou temo, na verdade te desejo profundamente, quero sentir tua
essência dentro de mim, meu corpo formigar, e nosso coração em um só compasso. Esta oculta paixão, que mal suspeitam,
que não vêm, não supõem.

Miro:
Ainda de olhos fechados sinto cada delicado toque seu... A sensação de te sentir é entorpecente!! Não respondo mais aos
meus sentidos. Apenas sinto você. Cada toque, cada movimento, cada loucura! Saber que estamos transgredindo regras me
interessa... O medo do perigo nos incendeia!!! Incandescente, não resisto ao impulso e te cubro de beijos, cada vez mais molhados...
Me farto nos seus seios, surfo por todas as suas curvas!! Sua nudez é a mais perfeita imagem que minha retina já registrou...

Laila:
O homem que percorro com as mãos, a estátua que consinto desperta-me de noite com o teu desejo na vaga dos teus dedos,
é rede a tua língua a passear pelo meu corpo, e em sono me deito, a trégua, a entrega, o disfarce, desperta-me de noite,
com teu corpo, tira-me do sono, onde em surpresa a mais esperada sensação de fulgor, surge então um belo orgasmo.

Miro:
O ritmo frenético dos corpos, cada gota de suor, cada movimento, cada grito, cada gemido!! Juntos formam a mais bela melodia:
o som dos amantes! Seus olhos me devoram profundamente!! Carne e mente, gozo e alma... Uma fusão perfeita!! Sinto as ondas
bambearem minhas pernas, seu sorriso se desfaz e seus olhos se fecham... Sinto um abraço esmagador! O momento se aproxima!!
Somos um então, de uma só vez!! Suas unhas arranhando meu sol, eu fazendo suas borboletas voarem!! Um beijo e a explosão!!
Agora estou em você perpetuamente...

Laila:
E todo o corpo é esse movimento em torno em volta no centro desses lábios que a febre toma engrossa e vai cedendo,
pouco e pouco nos dedos e na palma da mão...

Miro:
Exaustos pela força que fomos envolvidos, desfalecemos um ao lado do outro. Levemente me levanto. Como se o orgasmo não se
findasse nunca... Olho para trás e, em pé, vejo nossos corpos úmidos, suados, despidos... Olho para o lado e vejo você...
A luz que é emanada de seu peito nos envolve... Nos fundimos em um só coração! Os fachos de luz emanados por nosso amor
fazem a noite amanhecer!! Do centro dessa luz surge uma pomba branca! Põe-se a voar e buscar os horizontes que nós mesmos
tratamos de desbravar!!! Nosso amor é imortal!

FIM

Gostoso é

AH! Como é gostoso...
Sentir aquele cheiro de sabonete
Pegar no seu cabelo molhado
Ousar um pouco mais
Olhar bem no fundo do seu tesão
Beijar sua boca lentamente
Te abraçar fortemente
Te sentir em mim

Gostoso mesmo...
É desfazer o nó da sua toalha
E deixá-la escorregar pelas suas coxas
Ver seus seios túrgidos e rosados brotarem
Seu umbigo nu
Deitá-la lentamente
Beijar e morder seu pescoço
Apertar com firmeza sua bunda
Enlaçar dois dedos na lateral da sua calcinha
Brincar com sua língua
E ver seus olhos lançarem chamas para os meus

Gostoso...
Descer lentamente e rodear seus seios sem nem tocá-los
Apenas te olhando descaradamente
Encostar a ponta da língua no bico esquerdo
E envolvê-lo com vontade
Deslizar sua calcinha enlaçada
E ver seus pelos nascerem

Incessante é...
Deslizar meu rosto sobre suas coxas
Sentir o cheiro do teu sexo
Sem nem sequer tocá-lo
Mordiscar sua virilha
E ver seu sorriso se fechando

Entorpecente é...
Invadir sua boceta com minha língua
Sentir seu clitóris dançando em minha boca
Ousar cada vez mais
Até sentir seu gozo em minha cara
Impulsionar seus orgasmos
Suas mãos em meus cabelos
Sua boca no travesseiro
Gemendo e viajando

Instigante...
Deixá-la derretida sobre a cama
Pulsante, linda e selvagem
E sempre calmamente invadir seu mundo
Sentir suas carnes se dividindo
Calmamente dar início ao mais louco pêndulo
Molhar, foder e gozar...
Gozar nas suas entranhas
Ou na sua boca
Como te deixar mais feliz...

Finalmente...
Me deitar esgotado
Sentir minhas veias ardendo em brasas
Seus beijos carinhosos
E deliciosamente sentir o quanto que eu te amo
O quanto que sou teu escravo
O quanto que somos apenas um...