terça-feira, 11 de setembro de 2007

Abrem-se as cortinas. Aqui tudo vale...

Entram cena dezenas de atores. Aqui todos choram...

As luzes ficam ora mais fortes, ora mais brandas. Aqui todos vivem...

A trilha sonora é tensa até o primeiro beijo. Aqui todos sorriem...

Os atores fingem, gritam, se entregam. Mas nem todos morrem de amor...

A platéia vaia. A platéia vibra. A plateia fica em transe...

O coro sobe. O tapa arde. O vinho derrama. O padre morre...

No palco Deus não existe. Ou existe. Tanto faz...

Sob os holofotes as palavras ofendem e causam estardalhaço.

"No hay banda! No hay orquestra!"

Apenas o playback encanta os ouvidos sãos...

A valsa saltita nas suas orelhas. As lágrimas molham as poltronas.

Fora do auditório o mundo está em guerra. Aqui Romeu beija Julieta sob aplausos...

Aqui a realidade usa um figurino engraçado, se maqueia de magia e esquece da verdade...

Ao final, fecham-se as cortinas, as pessoas de pé aplaudem...

Mesmo corroídas por dentro, elas aplaudem...

Os atores retornam da fantasia e se curvam para frente. Aqui não há verdade...

A luz esmaece, o sonho dorme, a chuva cai novamente...

Amanhã será um novo público, novas pessoas, novos sentimentos, os mesmos aplausos...

"E eles viveram felizes para sempre"

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