Abrem-se as cortinas. Aqui tudo vale...
Entram cena dezenas de atores. Aqui todos choram...
As luzes ficam ora mais fortes, ora mais brandas. Aqui todos vivem...
A trilha sonora é tensa até o primeiro beijo. Aqui todos sorriem...
Os atores fingem, gritam, se entregam. Mas nem todos morrem de amor...
A platéia vaia. A platéia vibra. A plateia fica em transe...
O coro sobe. O tapa arde. O vinho derrama. O padre morre...
No palco Deus não existe. Ou existe. Tanto faz...
Sob os holofotes as palavras ofendem e causam estardalhaço.
"No hay banda! No hay orquestra!"
Apenas o playback encanta os ouvidos sãos...
A valsa saltita nas suas orelhas. As lágrimas molham as poltronas.
Fora do auditório o mundo está em guerra. Aqui Romeu beija Julieta sob aplausos...
Aqui a realidade usa um figurino engraçado, se maqueia de magia e esquece da verdade...
Ao final, fecham-se as cortinas, as pessoas de pé aplaudem...
Mesmo corroídas por dentro, elas aplaudem...
Os atores retornam da fantasia e se curvam para frente. Aqui não há verdade...
A luz esmaece, o sonho dorme, a chuva cai novamente...
Amanhã será um novo público, novas pessoas, novos sentimentos, os mesmos aplausos...
"E eles viveram felizes para sempre"
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