terça-feira, 11 de setembro de 2007

O Pintor

Com um sorriso no canto da boca
Dei a primeira pincelada na tela
Tentando colorir naquele momento
Seu sorriso

Aquele sorriso que há muito não via
Saudoso, lindo, cheio de vida
De uma mulher forte e madura
Rainha

Naquele momento eu sabia
Juro que eu sabia
Que não havia mais nada de concreto
Que derrubasse a nossa idosa juventude

Havíamos vencido o medo de viver
Se é que amar é viver
O ciúme deixara de ser um problema
Agora... um degráu!

Um propulsor indolente
Massageado e isolado
Como um rato velho que rói uma madeira fria no porão
Esquecido e sujo, como deve ser

Quando a segunda pincelada nasceu
Deixe uma lágrima escorrer pela minha face
Apenas pelos momentos levianos
Os melhores de minha vida

Sua face nua ia tomando formas na minha frente
Linda! Majestosa! Você!
E paralisado fiquei
Pensando naquela saudade louca que outrora nos tomava

Saudade aquela que nunca mais me deixou
Assim como seus lindos beijos
Que vivos saltavam como sapos coloridos
Para dentro do meu rosto

Enfim a pintura tomou traços finais
Te vi então virgem
Chorei o último desejo de te ter
E cabisbaixo apaguei as luzes do meu atelier

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